segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Carta de H.C.A.

Querida filha,
Não sinta medo do porquê estou lhe escrevendo isto. Apenas demonstro a minha humildade em dizer que estou errada. Não me leve a mal por só agora perceber o meu ponto de vista errado.
Fazer o quê? Estava cegada pela vida e a cultura imposta a mim. Eu sei que tenho dívidas para com você; por favor, me perdoe por não ter sido uma boa mãe e por não ter estado presente nos momentos mais difíceis da sua vida. Entenda que nunca estive preparada para ser mãe e sentia medo ao cuidar de um ser tão indefeso. Será que vou precisar levar esta carga para o além? Eu te amo muito!
Desde o momento que eu te vi nascer sabia que tinha um presente especial de Deus para mim, muito embora não estivesse preparada para esse presente divino.
Querida Dadinha, se cuide e seja forte. Não quero que sofra por nunca tivermos uma conversa sincera que pudesse esclarecer as nossas mágoas e decepções. Não me leve a mal pelas brigas e desconfianças relacionadas com o seu marido. Afinal, não entendo por que você tinha de se apegar tanto a alguém que te fazia sofrer.
Diga aos meus amados netos que sempre terão uma avó que olhará por eles; que orará e rezará por eles.
Antes da minha partida, quero que você saiba que te amo muito e que faria tudo de novo para te ver nascendo e te ver chorando cheia de vida: foi o momento mais marcante da minha vida.
Por favor, não guarde ressentimentos para com ninguém; sei que tens um coração que ama muito; mas, pode odiar muito também.
Não se esqueça do meu sobrinho Ângelo e de todos os filhos dele. Olhe ele por mim como se fosse um filho.
Não esqueça também de lembrar os nossos bons momentos juntas, embora tenham sido poucos. E por último, por favor, seja muito feliz nesta vida e no fim da tua existência carnal estarei te esperando para recuperarmos os momentos perdidos enquanto no plano físico.
Muito amor e axé para a família.
Da sua saudosa mãe.
H.C.A.

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